segunda-feira, 9 de setembro de 2013

planejamento_entrega i




estudos de caso



avaliação pós ocupação




Relatório
No dia 07 de Junho no período da tarde, fizemos uma visita ao conjunto de habitação social São Jorge I, localizado no bairro Laranjeiras, mais exatamente na ­Rua ­Antônio ­Bernardes­ Costa nº­300­, do município de Uberlândia – MG. O objetivo do exercício era aplicar a avaliação pós-ocupação nos apartamentos para avaliar a qualidade espacial dos mesmos. Nosso grupo foi sorteado para visitar o Bloco 1, o primeiro dos onze construídos no local. Ele encontra-se situado próximo à portaria principal, faceando a rua em duas das suas fachadas. No total são 4 pavimentos com 4 apartamentos cada, somando ao final 16 apartamentos por bloco.
Dos quatro apartamentos que o síndico autorizou realizar a visita somente dois nos receberam. A primeira foi a moradora “A”, do primeiro andar. Ela nos relatou que ali moram quatro pessoas: ela, a mãe, o pai e a irmã, constituindo o tipo familiar nuclear. Segundo ela, o apartamento foi comprado pelos pais para saírem da casa da avó, local onde eles moravam antes. Sobre os equipamentos públicos do bairro ela se demonstrou satisfeita com os serviços, principalmente porque logo ali em frente localiza-se a UAI – São Jorge e, sua escola, também não é muito longe. Em geral ela gosta do seu bairro, porém acha que tem se tornado bastante violento. Apesar disso, ela conta que os assaltos e furtos que tem ocorrido no condomínio são feitos pelos próprios moradores, o que acarretou na instalação de câmeras de segurança internas. Acerca de seu apartamento um dos maiores problemas verificados pela sua família é a falta de espaço da cozinha. Isso acontece porque seu formato é estreito dividindo espaço ainda com a sala e lavanderia. Por causa disso, a questão da estocagem de alimentos e utensílios não é suprida, tendo que distribuir o restante nos outros cômodos. Outro problema é a área de serviço que de tão reduzida foram obrigados a colocar a geladeira no espaço reservado à máquina de lavar roupas e como a janela se abre para o corredor de circulação interna do bloco e para a quadra de areia, eles a mantém boa parte do tempo fechada por questões de limpeza e privacidade. O barulho dos vizinhos é outro incômodo que a aflige diariamente. Quando questionada sobre os outros cômodos, a moradora A se mostra satisfatória com os espaços, mesmo ela dividindo o quarto com sua irmã por meio de um beliche. Entretanto, ela nos confessa que sua família almeja comprar uma casa, para ter mais espaços livres e ser mais confortável.
O segundo entrevistado foi o morador “B”, do quarto andar. Moram no apartamento somente ele e a esposa, caracterizando um DINKS (casal com renda e sem filhos). O imóvel também é próprio e eles já residem ali desde seu lançamento. O morador nos relata que nunca utilizou os espaços do seu conjunto destinados ao lazer coletivo porque são insatisfatórios e não se sente bem no local. Suas reclamações são principalmente três: a falta de qualidade dos materiais utilizados na construção do edifício, o mau cheiro causado pela lixeira em frente ao seu bloco e a complicada relação que ele e os outros moradores tem com o síndico. Ele diz que as esquadrias já estão enferrujando e também sofre com problemas de infiltração de água quando chove. Como o espaço é bastante reduzido precisou ter dois guarda-roupas sendo que um fica em seu quarto de dormir e o outro em um quarto separado utilizado somente pela sua mulher. Ao longo do tempo o morador B, por conta própria, executou uma série de modificações que achou que seria possível para melhorar o espaço, pintando paredes, fazendo armários nos espaços entre os pilares e mobiliando sua residência. Foi colocado um box no banheiro pois, segundo ele, quando tomava-se banho a água ia parar até na sala, pois o banheiro não foi construído sob um caimento adequado. O problema do mau cheiro relatado por ele acontece porque não é executada uma limpeza periódica no depósito de lixo do condomínio, portanto, por conta do seu quarto ser localizado bem em frente, os ventos levam o odor pra dentro do apartamento. Em geral, o morador B gosta de morar nesse local, já que não fica muito tempo em casa devido as constantes viagens que executa. Ele diz “Pra mim, pelo menos por enquanto, é bom viver aqui. Como sou só eu e minha esposa o tamanho da casa é o limite, se tivermos um filho aí sim teremos que mudar”.
Em suma, o que podemos notar com a APO são as constantes reclamações acerca de como o espaço da habitação foi idealizado. São construídos cômodos mínimos com metragens exíguas que mal constitui um ambiente de fato. A tripartição é constantemente empregada, seja por um caráter cultural seja por falta de criatividade no projeto, porém o questionamento que fica é se ela realmente funciona para essas condições espaciais e diferentes tipos familiares. Constata-se a baixa qualidade dos materiais empregados na edificação, fato que muitas vezes é justificado por não se ter um alto orçamento já que a habitação é de interesse popular. Em ambos os casos apresentados pudemos perceber que os moradores não utilizam a área coletiva do conjunto uma vez que é bastante precária, levantando a questão sobre se ela realmente existe. Os espaços entre os blocos são mínimos e o que aparenta é que esses equipamentos coletivos foram dispostos ao léu, sem nenhum tratamento arquitetônico muito menos paisagístico. Quase não se encontra área verde e todo o conjunto é rodeado por bolsões de estacionamento. Pequenas alterações projetuais, alternativas flexíveis e criatividade já melhorariam bastante a qualidade espacial dos ambientes desse edifício.